Manuel João Vieira é um personagem problemático. Excelente guitarrista, e exímio tocador de bandolim (já tocava, por exemplo, no Leitaria Garrett, de Vitorino, em 1984), tem um inegável talento na criação de melodias, e no domínio das Artes Plásticas. Parece-me ser inteligente, e tem sentido de humor.
Contudo, caiu numa terrível armadilha, de onde nunca conseguiu sair: transformou-se num personagem, o Lello Marmelo, ou Lello Minsk, ou Candidato Vieira, ou as outras coisas que lhe costumam chamar. É um gajo que só diz javardices e só faz maluqueiras, o grande doido, que ninguém leva a sério, e que não se consegue levar a sério.
Parece-me que perdeu o gás, e a piada, com os anos. Caiu na rotina e no facilitismo do alter-ego criado por si mesmo (isto, apesar de ter aberto um dos melhores espaços nocturnos lisboetas, o novo Maxime).
E chegou agora a série "Mundo Catita", que passa na RTP, aos Domingos, perto das 24 horas. E a série é, para grande surpresa minha, absolutamente fantástica, das melhores coisas que já se fizeram cá em Portugal, no domínio do humor, e não só (e não, não estou a exagerar).
Será tempo para uma reavaliação e reabilitação de Manuel João Vieira? Parece ser um bocado prematuro fazermos isso, mas nada como relembar os tempos iniciais dos Ena Pá 2000, quando Manuel João era muito magro, e quando nos oferecia proposta musicais entusiasmantes e muito divertidas.
Fica aqui o primeiro single desta banda (Telephone Call), lançado em 1987, e a apresentação deste tema, num programa da RTP, nesse mesmo ano.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Odradek Apresenta Dois Filmes Para a Época Natalícia
Nesta última semana tive a sorte de ver dois grandes filmes, bastante diferentes entre si, mas que versam sobre o mesmo tema (mais coisa menos coisa...). E que tema é esse? L'amour, pois então!
Ficam aqui os trailers de "Quatro noites com Anna", do polaco Jerzy Skolimowski, e "A Fronteira do Amanhecer", do francês Philippe Garrel.
Os trailers parecem dar a entender que os filmes são umas xaropadas intelectuais, mas nada de mais errado. São ambos muito bons e recomendam-se.
Ficam aqui os trailers de "Quatro noites com Anna", do polaco Jerzy Skolimowski, e "A Fronteira do Amanhecer", do francês Philippe Garrel.
Os trailers parecem dar a entender que os filmes são umas xaropadas intelectuais, mas nada de mais errado. São ambos muito bons e recomendam-se.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Pátio da Fama
Havia um realizador que tinha um sobrinho. Esse sobrinho entrou, como assistente, num concurso de televisão, por ser sobrinho do realizador, e ficou famoso. O sobrinho do realizador namorava com uma rapariga, que ficou famosa por ser namorada do sobrinho do realizador. Por causa disso, abriu uma loja de roupa, que ficou famosa, por pertencer a quem pertencia. A namorada do sobrinho do realizador terminou o namoro uns tempos depois, e iniciou uma relação com o seu vizinho do lado, que se tornou famoso por namorar a dona de uma famosa loja de roupa, e ex namorada do sobrinho do famoso realizador. Ora, o seu novo namorado, tornou-se Relações Públicas, por se relacionar com gente tão conhecida. A verdade é que, passado uns meses, o Relações Públicas terminou a sua relação com a dona da famosa loja de roupa, que já tinha aberto novas lojas de roupa um pouco por todo o país. O Relações Públicas começou um novo namoro, numa festa numa discoteca de praia, com uma miúda nova e desconhecida, mas que se tornou conhecida por namorar com o ex-namorado da ex-namorada do famoso realizador. Esta miúda, com a fama que ganhou, tornou-se modelo fotográfico de revistas, começou a apresentar concursos televisivos, apareceu numa telenovela e resolveu enveredar pelo mundo do cinema. Deixou de namorar com o Relações Públicas, mas entrou no novo filme do famoso realizador. Dizem que agora namoram, a imprensa cor-de-rosa tem dado grande destaque ao assunto, visto tratar-se de um casal tão famoso e mediático.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Post dedicado a todos os ladrões das redondezas
Nos últimos anos, já me assaltaram o carro, pelo menos, 3 vezes.
E descobri um denominador comum aos vários assaltos: roubaram-me CD'S dos Sparks. Por isso, dedico o próximo, e divertido video, a todos os meliantes que, nos últimos anos, através de um enorme esforço físico, perserverança, e coragem, me partiram os vidros do automóvel, para se apossarem da minha discografia desta banda.
Dedico este video, especialmente, ao meu último assaltante. Espero que esteja a ler, neste momento, os Códigos Penais e de Processo Penal que também me roubou, provavelmente, para leitura de cabeceira.
Um bem haja, querido ladrão! Aquele abraço
E descobri um denominador comum aos vários assaltos: roubaram-me CD'S dos Sparks. Por isso, dedico o próximo, e divertido video, a todos os meliantes que, nos últimos anos, através de um enorme esforço físico, perserverança, e coragem, me partiram os vidros do automóvel, para se apossarem da minha discografia desta banda.
Dedico este video, especialmente, ao meu último assaltante. Espero que esteja a ler, neste momento, os Códigos Penais e de Processo Penal que também me roubou, provavelmente, para leitura de cabeceira.
Um bem haja, querido ladrão! Aquele abraço
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Músicas da Infância
Hoje faço um dois em um. Ou mais, um três em um. Mostro duas músicas da minha infância, num vídeo só, e mostro também uma série de animação de que gostava bastante. Falo do fantástico "ursinho Teddy", que passou na nossa RTP1 em meados dos anos 80, salvo erro. A série é irresistível, um low budget polaco dos tempos comunistas, feito em finais dos anos70. Depois, a dobragem apenas aumenta o charme, pois ouvem-se as vozes dos actores que fazem a dobragem, em simultâneo com as vozes originais. É enternecedor.
Quanto à música, dou maior atenção àquela que aparece nos últimos segundos do vídeo. Tratava-se do tema de encerramento dos desenhos animados. Durante anos, divertia-me a trauteá-lo, nomeadamente, quando fui à Polónia, no inter-rail.
Bem, aqui fica um episódio integral do Ursinho Teddy.
Quanto à música, dou maior atenção àquela que aparece nos últimos segundos do vídeo. Tratava-se do tema de encerramento dos desenhos animados. Durante anos, divertia-me a trauteá-lo, nomeadamente, quando fui à Polónia, no inter-rail.
Bem, aqui fica um episódio integral do Ursinho Teddy.
sábado, 1 de novembro de 2008
Videos da Infância- Parte 2
Sou incapaz de escolher as minhas 10 músicas favoritas por estarem, obviamente, sempre a mudar, conforme a disposição. Por isso, vou continuar com a lista de cantores que me influenciaram na infância.
Nesta lista, não posso deixar de referir o Paul McCartney, que era o meu cantor favorito,com uma certa distância. Eu tinha todos os seus LP's dos anos 80, aquela época que correspondeu, pelo que percebi muito mais tarde, ao seu período negro. Não interessava, eu adorava todos esses discos e todas essas músicas (incluindo a canção do sapo, referido na lista de Ninguém), e, muito particularmente, um dos mais odiados pela crítica- o "Give My Regards to Broad Street". Só muitos anos depois é que percebi que se tratava da banda sonora de um filme (que eu não vi), e que metade das faixas do álbum eram novas versões de clássicos dos Beatles. Ora, eu nessa altura só gostava do Paul McCartney, e apenas tinha uma vaga ideia de que ele pertencera, noutros tempos, a um grupo.
Uma das músicas dos Beatles presentes nesse álbum era "For No One". Fica aqui a versão original desta música de Paul McCartney, tocada pelos Beatles. Para mim, é uma das mais belas canções sobre finais de relações. A acompanhar o vídeo, está a letra, para podermos todos cantar em Karaoke!
Enjoy it!
Nesta lista, não posso deixar de referir o Paul McCartney, que era o meu cantor favorito,com uma certa distância. Eu tinha todos os seus LP's dos anos 80, aquela época que correspondeu, pelo que percebi muito mais tarde, ao seu período negro. Não interessava, eu adorava todos esses discos e todas essas músicas (incluindo a canção do sapo, referido na lista de Ninguém), e, muito particularmente, um dos mais odiados pela crítica- o "Give My Regards to Broad Street". Só muitos anos depois é que percebi que se tratava da banda sonora de um filme (que eu não vi), e que metade das faixas do álbum eram novas versões de clássicos dos Beatles. Ora, eu nessa altura só gostava do Paul McCartney, e apenas tinha uma vaga ideia de que ele pertencera, noutros tempos, a um grupo.
Uma das músicas dos Beatles presentes nesse álbum era "For No One". Fica aqui a versão original desta música de Paul McCartney, tocada pelos Beatles. Para mim, é uma das mais belas canções sobre finais de relações. A acompanhar o vídeo, está a letra, para podermos todos cantar em Karaoke!
Enjoy it!
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Vídeos Nostálgicos Da Infância
Houve um desafio blogueiro, onde se escolhiam sete canções com significado especial na nossa vida. Acho que o desafio surgiu no blog http://vertigens1.blogspot.com/, cuja autora saúdo, desde já. E peço também a essa mesma autora muitas desculpas por escolher, em primeiro lugar, uma música que ela também escolheu. Falo da Nikita, de Elton John. Escolho esta música por diversos motivos. Lembro-me que era a minha canção favorita, nessa altura. Via sempre o Top +, ou o que quer que houvesse nesses anos, só para ouvir essa canção. E adorava o vídeo, que era realizado no muro de Berlim.
O vídeo esteve várias semanas no primeiro lugar do top. Lembro-me que, quando saiu do primeiro lugar, fiquei triste, porque não podia ver mais o Elton John, aquele tipo estiloso, com uns belos óculos escuros, chapéu e roupas berrantes, a atirar-se àquela rapariga semi-empedernida do bloco comunista.
Só mais tarde é que soube que o Elton John tinha uma grande careca por debaixo daquele chapéu, era gay, e dedicava a música a um Nikita, que era, afinal, um nome masculino (coisa que o realizador do teledisco não percebeu).
Mas ficou a saudade e manteve-se o amor nostálgico pelo bloco comunista e pela Berlim pré-queda do muro, aquela onde um tipo de óculos escuros e roupas berrantes manifestava o seu amor por uma bela rapariga de uniforme, e era correspondido.
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O vídeo esteve várias semanas no primeiro lugar do top. Lembro-me que, quando saiu do primeiro lugar, fiquei triste, porque não podia ver mais o Elton John, aquele tipo estiloso, com uns belos óculos escuros, chapéu e roupas berrantes, a atirar-se àquela rapariga semi-empedernida do bloco comunista.
Só mais tarde é que soube que o Elton John tinha uma grande careca por debaixo daquele chapéu, era gay, e dedicava a música a um Nikita, que era, afinal, um nome masculino (coisa que o realizador do teledisco não percebeu).
Mas ficou a saudade e manteve-se o amor nostálgico pelo bloco comunista e pela Berlim pré-queda do muro, aquela onde um tipo de óculos escuros e roupas berrantes manifestava o seu amor por uma bela rapariga de uniforme, e era correspondido.
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008
O Lux
Após tantos anos, e aproveitando o seu recente 10º aniversário, vou fazer uma confissão, que espero que não seja chocante....ok, cá vai: ODEIO o LUX. Sim, a discoteca da moda (ou que já foi da moda, não sei muito bem), de Lisboa, quiçá, até, da Península Ibérica, como dizem certos entendidos. E dirão: mas sabes que um dos sócios até é o John Malkovich, o fundador é o tipo do Frágil, e que o Lux revitalizou a zona ribeirinha e blá blá blá....
Muito bem, concedo todos esses factos, e acho muito bem que tenha aparecido, e que haja um local que seja uma alternativa ao Eixo Bairro Alto/ 24 de Julho (que abomino), etc.
Mas isto não me faz gostar mais do local. Atenção: tenho amigos e conheço muito boa gente que gosta do Lux! Deve ser problema meu, de certeza. Mas a verdade é que nunca fui muito à bola com aquele sítio, logo desde a primeira vez que lá fui e pedi um café que me saiu os olhos da cara. Claro, dir-me-ão: quem é que pede um café no Lux? Claro- ninguém! Mas serviu-me de aviso.
Depois, passei a ir lá às vezes. Diziam-me que aquilo era muito giro, a música muito boa, e coisas do género.
Mas ia lá às tantas da manhã, depois de sair do Bairro Alto, e apanhava sempre filas enormes para entrar na "Terra Prometida". Ficava séculos, à espera de entrar e gozar o divertimento merecido. Depois, via a gente gira e famosa e chic, amiga do porteiro, que chegava lá com um ar cool e pimpão, piscava-lhe o olho e entrava pelo "ladex". Muito bem! Parabéns para eles! A verdade é que me isto me aumentava a irritação, ao ver aquela casta privilegiada, a entrar de graça, pela porta "especial". (Mais tarde, apercebi-me que havia o culto da entrada pelo "ladex", no Lux. Havia gente que eu conhecia, que conhecia o porteiro, e havia gente que eu conhecia, que conhecia o conhecido do porteiro, e que entrava lá de graça).
Adiante. Depois de esperar uns séculos na fila, lá tinha de desenbolsar os olhos da cara, para poder entrar. Mas não me podia divertir logo, claro que não! Ainda havia a árdua tarefa de "pendurar o casaco", ou seja, esperar mais uns séculos noutro magote para meter o casaco no bengaleiro.
Depois, lá entrava para o piso principal, e deparava-me com aqueles magníficos pufs todos fashion e aquela decoração modernaça, e cheia de bom gosto, e todos aqueles artistas rock, ou artistas da moda, ou artistas plásticos, em suma, os artistas todos unidos, todos juntos, mais as pessoas normais, tudo numa massa compacta, enfiada na pista de dança. E aos fins de semana, para poder dançar, lá ficava pelo meio, a tentar mexer-me ao som daquela música cheia de estilo e moderna, um electro new wave qualquer. E inventei uma nova dança, a dança da rotação das mãos num raio de 10 cm, que era o espaço em que me podia mexer, no meio daquele magote.
A certa altura, fartava-me, e ia pedir uma bebida. Essa tarefa durava-me mais uma meia hora, com sorte, se me enfiasse bem na "fila para as bebidas".
Claro que podia sempre ir para a pista de baixo, onde estava um magote igual de pessoas, todas concentradas, mas ao som de uma batida mais forte, que tornava qualquer comunicação verbal virtualmente impossível.
E passavam-se umas horas assim. Em seguida, podia passar para o ex-libris do Lux, a famosa "varanda onde se vê o nascer-do-sol". Lá ia assistir a este belo fenómeno, entediado com mais umas horas perdidas, e com mais dinheiro mal gasto.
Esta é a minha experiência do Lux. Confesso que nunca fui para a casa de banho snifar coca, nem nunca me enfiei num compartimento secreto, com uma super modelo. Se me tivesse acontecido isso, talvez tivesse outra opinião do local. Mas no Lux, sempre me senti como o último conviva de uma festa, aqueles que chegam lá quando o melhor já se passou.
Não vou lá há algum tempo. Das últimas vezes que lá fui, a fauna tinha mudado, quem dominava o local eram os "actores e as atrozes" dos morangos com açúcar. Agora, acrescido a todos os sentimentos atrás descritos, sentia-me velho quando lá ia, ao ver todos aqueles adolescentes embriagados e reis da festa de 15 anos de idade.
E pronto. Por agora fico-me por aqui. De qualquer forma, dou os parabéns ao Lux e desejo-lhe muitos anos de felicidade!
Muito bem, concedo todos esses factos, e acho muito bem que tenha aparecido, e que haja um local que seja uma alternativa ao Eixo Bairro Alto/ 24 de Julho (que abomino), etc.
Mas isto não me faz gostar mais do local. Atenção: tenho amigos e conheço muito boa gente que gosta do Lux! Deve ser problema meu, de certeza. Mas a verdade é que nunca fui muito à bola com aquele sítio, logo desde a primeira vez que lá fui e pedi um café que me saiu os olhos da cara. Claro, dir-me-ão: quem é que pede um café no Lux? Claro- ninguém! Mas serviu-me de aviso.
Depois, passei a ir lá às vezes. Diziam-me que aquilo era muito giro, a música muito boa, e coisas do género.
Mas ia lá às tantas da manhã, depois de sair do Bairro Alto, e apanhava sempre filas enormes para entrar na "Terra Prometida". Ficava séculos, à espera de entrar e gozar o divertimento merecido. Depois, via a gente gira e famosa e chic, amiga do porteiro, que chegava lá com um ar cool e pimpão, piscava-lhe o olho e entrava pelo "ladex". Muito bem! Parabéns para eles! A verdade é que me isto me aumentava a irritação, ao ver aquela casta privilegiada, a entrar de graça, pela porta "especial". (Mais tarde, apercebi-me que havia o culto da entrada pelo "ladex", no Lux. Havia gente que eu conhecia, que conhecia o porteiro, e havia gente que eu conhecia, que conhecia o conhecido do porteiro, e que entrava lá de graça).
Adiante. Depois de esperar uns séculos na fila, lá tinha de desenbolsar os olhos da cara, para poder entrar. Mas não me podia divertir logo, claro que não! Ainda havia a árdua tarefa de "pendurar o casaco", ou seja, esperar mais uns séculos noutro magote para meter o casaco no bengaleiro.
Depois, lá entrava para o piso principal, e deparava-me com aqueles magníficos pufs todos fashion e aquela decoração modernaça, e cheia de bom gosto, e todos aqueles artistas rock, ou artistas da moda, ou artistas plásticos, em suma, os artistas todos unidos, todos juntos, mais as pessoas normais, tudo numa massa compacta, enfiada na pista de dança. E aos fins de semana, para poder dançar, lá ficava pelo meio, a tentar mexer-me ao som daquela música cheia de estilo e moderna, um electro new wave qualquer. E inventei uma nova dança, a dança da rotação das mãos num raio de 10 cm, que era o espaço em que me podia mexer, no meio daquele magote.
A certa altura, fartava-me, e ia pedir uma bebida. Essa tarefa durava-me mais uma meia hora, com sorte, se me enfiasse bem na "fila para as bebidas".
Claro que podia sempre ir para a pista de baixo, onde estava um magote igual de pessoas, todas concentradas, mas ao som de uma batida mais forte, que tornava qualquer comunicação verbal virtualmente impossível.
E passavam-se umas horas assim. Em seguida, podia passar para o ex-libris do Lux, a famosa "varanda onde se vê o nascer-do-sol". Lá ia assistir a este belo fenómeno, entediado com mais umas horas perdidas, e com mais dinheiro mal gasto.
Esta é a minha experiência do Lux. Confesso que nunca fui para a casa de banho snifar coca, nem nunca me enfiei num compartimento secreto, com uma super modelo. Se me tivesse acontecido isso, talvez tivesse outra opinião do local. Mas no Lux, sempre me senti como o último conviva de uma festa, aqueles que chegam lá quando o melhor já se passou.
Não vou lá há algum tempo. Das últimas vezes que lá fui, a fauna tinha mudado, quem dominava o local eram os "actores e as atrozes" dos morangos com açúcar. Agora, acrescido a todos os sentimentos atrás descritos, sentia-me velho quando lá ia, ao ver todos aqueles adolescentes embriagados e reis da festa de 15 anos de idade.
E pronto. Por agora fico-me por aqui. De qualquer forma, dou os parabéns ao Lux e desejo-lhe muitos anos de felicidade!
domingo, 12 de outubro de 2008
A cumplicidade do cúmplice
Folheando uma dita "revista cor-de-rosa", deparei-me com uma palavra repetida diversas vezes. Sempre que aparecia um casal qualquer, diziam: "e cá está o casal X, que se mostrou sempre muito cúmplice".
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, cúmplice significa:
adj. 2 gén.,
que tomou parte em delito ou crime;
s. 2 gén.,
pessoa que tomou parte num delito ou crime;
participante em acção condenável;
cooperante;
conivente.
Fiquei esclarecido.
Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, cúmplice significa:
adj. 2 gén.,
que tomou parte em delito ou crime;
s. 2 gén.,
pessoa que tomou parte num delito ou crime;
participante em acção condenável;
cooperante;
conivente.
Fiquei esclarecido.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Problemas de Identidade Explicados Às Crianças
Um homem mordeu um leão, pensando que era um rato.
Tomando consciência do seu erro, pôs-se em fuga e, derrubando tudo que se encontrava à frente, passou rente a dois patos, e uma tartaruga,
tendo esmagado pelo caminho a barriga de uma formiga.
Corria esbaforido, destruía tudo o que estava à mão,
Mas disso, o homem não se apercebeu, pois tinha fraca visão.
Sentindo que o leão se aproximava, e adivinhando o seu fim,
Pôs as mãos a trabalhar,
Abriu um buraco no jardim, e começou a escavar.
Atravessou uma montanha, uma planície e um vale.
Farto de tanto trabalhar, veio à superfície, para descansar
E colocou a cabeça de fora, mesmo no meio do meu quintal.
Eu, que acabava de cortar a relva e descansava da trabalheira,
Não achei graça à brincadeira do animal,
Pois o homem que mordera o leão, pensando que era um rato,
E fizera tamanho chavascal,
Era, na verdade uma horrenda toupeira desordeira,
Como pude comprovar, enquanto a esmagava com a ponta da biqueira,
Do meu novíssimo par de sapatos.
Tomando consciência do seu erro, pôs-se em fuga e, derrubando tudo que se encontrava à frente, passou rente a dois patos, e uma tartaruga,
tendo esmagado pelo caminho a barriga de uma formiga.
Corria esbaforido, destruía tudo o que estava à mão,
Mas disso, o homem não se apercebeu, pois tinha fraca visão.
Sentindo que o leão se aproximava, e adivinhando o seu fim,
Pôs as mãos a trabalhar,
Abriu um buraco no jardim, e começou a escavar.
Atravessou uma montanha, uma planície e um vale.
Farto de tanto trabalhar, veio à superfície, para descansar
E colocou a cabeça de fora, mesmo no meio do meu quintal.
Eu, que acabava de cortar a relva e descansava da trabalheira,
Não achei graça à brincadeira do animal,
Pois o homem que mordera o leão, pensando que era um rato,
E fizera tamanho chavascal,
Era, na verdade uma horrenda toupeira desordeira,
Como pude comprovar, enquanto a esmagava com a ponta da biqueira,
Do meu novíssimo par de sapatos.
domingo, 7 de setembro de 2008
Motel X
Afastado das lides da representação há bastante tempo, resolvi inscrever-me num workshop, que se realizou no cinema S. Jorge, durante três dias, no âmbito do festival de Cinema de Terror Motel X. Atraiu-me o facto de o Workshop ser realizado, supostamente, pelo Mestre de terror brasileiro, José Mojica Marins, o "Zé do Caixão" e, também, porque iriamos produzir uma Curta-Metragem, que seria apresentada no último dia do festival.
Do Zé do Caixão, propriamente dito, não vimos muito. Apareceu lá durante uma tarde, para dar uma aula, e pediu-nos para escrevermos numa linha, a definição de "morte, vida, amor e ódio". Também realizou uma cena da curta metragem.
Em contrapartida, conhecemos muito bem a sua filha, a inenarrável Liz Vamp, uma "vampira moderna", que é actriz, contista, personagem de BD, realizadora, etc.
Como realizadora, a senhora não tem muito jeito. Podem comprovar a sua "obra", neste site (vale a pena):
http://www.vampira.com.br/
A Curta Metragem, em si, teve a sua graça. Parece que vão metê-la no youtube, em breve. E tem o Paulo "Tiger Man" Furtado, no papel principal, a ser morto, pela sua mulher,e a gritar-lhe (sempre sem deixar cair os óculos escuros e o palito na boca) : sua puuuuta!
Um clássico, portanto.
Do Zé do Caixão, propriamente dito, não vimos muito. Apareceu lá durante uma tarde, para dar uma aula, e pediu-nos para escrevermos numa linha, a definição de "morte, vida, amor e ódio". Também realizou uma cena da curta metragem.
Em contrapartida, conhecemos muito bem a sua filha, a inenarrável Liz Vamp, uma "vampira moderna", que é actriz, contista, personagem de BD, realizadora, etc.
Como realizadora, a senhora não tem muito jeito. Podem comprovar a sua "obra", neste site (vale a pena):
http://www.vampira.com.br/
A Curta Metragem, em si, teve a sua graça. Parece que vão metê-la no youtube, em breve. E tem o Paulo "Tiger Man" Furtado, no papel principal, a ser morto, pela sua mulher,e a gritar-lhe (sempre sem deixar cair os óculos escuros e o palito na boca) : sua puuuuta!
Um clássico, portanto.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Mais um vídeo para entreter a malta
Confesso que, do Bobby Mcferrin, só conhecia o levemente irritante hit do final dos anos 80, "Don't Worry, Be Happy".
O homem veio tocar a Portugal há pouco tempo (não vi o concerto), mas li alguns artigos sobre a sua obra que me intrigaram, e me fizeram investigar outras coisas suas, para além do hit supra citado.
Do que já conheço entretanto, posso dizer que se trata de uma das melhores vozes que já alguma vez ouvi. Fica aqui um registo de uma actuação televisiva, perante uma plateia de aspecto hilariante.
O homem veio tocar a Portugal há pouco tempo (não vi o concerto), mas li alguns artigos sobre a sua obra que me intrigaram, e me fizeram investigar outras coisas suas, para além do hit supra citado.
Do que já conheço entretanto, posso dizer que se trata de uma das melhores vozes que já alguma vez ouvi. Fica aqui um registo de uma actuação televisiva, perante uma plateia de aspecto hilariante.
Os meus vizinhos
Tenho um vizinho maluco. Durante o ano, sai, todos os dias, de manhã, bem cedo, munido de um chapéu verde (como usam os técnicos da EMEL), uma mochila e um apito. Depois, coloca-se ao pé de um semáforo, que é sempre o mesmo, 8 horas de seguida, a apitar, quando o semáforo está verde. Quando fica vermelho, começa a marchar, como se fosse um soldado. Gesticula muito, mas não se percebe bem o que diz. Evito olhá-lo de frente, e sinto-me constrangido, nem sem muito bem porquê, com os risos dos transeuntes, que já o conhecem.
Uma vez, ouvi-lhe uma conversa. Perguntaram-lhe:
- Então, estás outra vez por aqui?
Ao que o meu vizinho respondeu, resignado:
- Pois, é o serviço militar obrigatório. Mas a partir de amanhã, é cada um por si.
Contrariando esta afirmação, o bravo vizinho soldado tocador de apitos continuou a vir, estoicamente, todos os dias, para o pé do semáforo.
Agora, durante o Verão, o meu vizinho trocou o chapéu da EMEL por um panamá branco. Mas continua no mesmo posto de trabalho.
Anteontem, dirigiu-me a palavra, pela primeira vez:
- Quer tirar uma fotografia? (e mostrou-me uma máquina que tinha na mão).
Sem esperar pela resposta, continuou:
- Pois, mas não pode ser, que estou fora de serviço, estou de férias. Se quiser tirar fotografias, tem ali atrás uma máquina automática.
Ontem, voltei a encontrá-lo, no mesmo sítio, e fez-me a mesma pergunta.
Reparo que anda satisfeito, sorri muito e parece mais novo. E já não marcha, apenas saltita pelas pedras do passeio, alegremente. Parece-me que as férias lhe estão a fazer bem.
Uma vez, ouvi-lhe uma conversa. Perguntaram-lhe:
- Então, estás outra vez por aqui?
Ao que o meu vizinho respondeu, resignado:
- Pois, é o serviço militar obrigatório. Mas a partir de amanhã, é cada um por si.
Contrariando esta afirmação, o bravo vizinho soldado tocador de apitos continuou a vir, estoicamente, todos os dias, para o pé do semáforo.
Agora, durante o Verão, o meu vizinho trocou o chapéu da EMEL por um panamá branco. Mas continua no mesmo posto de trabalho.
Anteontem, dirigiu-me a palavra, pela primeira vez:
- Quer tirar uma fotografia? (e mostrou-me uma máquina que tinha na mão).
Sem esperar pela resposta, continuou:
- Pois, mas não pode ser, que estou fora de serviço, estou de férias. Se quiser tirar fotografias, tem ali atrás uma máquina automática.
Ontem, voltei a encontrá-lo, no mesmo sítio, e fez-me a mesma pergunta.
Reparo que anda satisfeito, sorri muito e parece mais novo. E já não marcha, apenas saltita pelas pedras do passeio, alegremente. Parece-me que as férias lhe estão a fazer bem.
Ao voltar de férias, fui espreitar, pela primeira vez, ao fim de várias semanas, este blog.
Senti uma leve desilusão quando reparei que não havia novidades. O último post continuava a ser o mesmo. Até que me lembrei que eu era o seu único autor. Mesmo assim, a desilusão persistiu. Afinal, aquela história de que os blogs tomam vida própria não corresponde bem à verdade.
Senti uma leve desilusão quando reparei que não havia novidades. O último post continuava a ser o mesmo. Até que me lembrei que eu era o seu único autor. Mesmo assim, a desilusão persistiu. Afinal, aquela história de que os blogs tomam vida própria não corresponde bem à verdade.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Conversa de Casal
A acção passa-se na sala de jantar. Um casal está sentado à mesa. Idade indefinida, talvez nos seus trinta e tal anos. Não existe nada de extraordinário no seu aspecto físico. Não são nem gordos nem magros, vestem-se de maneira formal, mas não excessivamente. Decoração banal, tal como o dia, que não é diferente dos habituais.
A mulher está a comer; o homem monta um puzzle.
Ela- sempre que como favas lembro-me do meu tio
Ele- não gosto do mês de Dezembro
Ela- ele dizia que era a única comida que não podia suportar
Ele- saio à rua e vejo todas as decorações
Ela- o meu tio contava-me que, quando era novo, não gostava de quase comida nenhuma
Ele- os pais natais, as árvores e os presépios
Ela- tinham de o agarrar e enfiar-lhe a colher, à força, pela boca abaixo
Ele- a música, um pouco por todo o lado, jingle bells
Ela- só gostava de linguado e bife de lombo
Ele- irrito-me
Ela- não comia mais nada, nenhum tipo de peixe, carne, vegetais...
Ele- não sei porquê
Ela- viviam numa quinta
Ele- talvez porque me tenham tentado molestar uma vez, em dezembro
Ela- faziam criação de gado, vacas, porcos, galinhas. Até cavalos lá havia
Ele- andava na escola, tinha para aí uns nove anos
Ela- um dia, o meu tio foi passear para o meio do mato, para longe da quinta
Ele- sim, tinha à volta disso
Ela- meteu-se no meio da densa vegetação, num terreno desabitado, que pertencera aos antigos vizinhos
Ele- apanhava o autocarro todos os dias
Ela- ninguém sabe muito bem como é que fez aquilo
Ele- e todos os dias havia um velho que olhava para mim
Ela- a verdade é que caiu num buraco
Ele- o velho entrava na mesma paragem e saía sempre quando eu saía
Ela- um buraco bem fundo, de onde não conseguia sair
Ele- o autocarro estava sempre cheio e eu reparava que ele se encostava a mim
Ela- ele bem gritou, mas ninguém o ouvia
Ele- íamos sempre os dois de pé, não encontrávamos lugares sentados
Ela- passado umas horas, a família reparou que ele tinha desaparecido. Procuraram-no
Ele- uma vez, saí do autocarro e estava com vontade de ir à casa de banho
Ela- mas não o encontravam
Ele- fui a uma casa de banho pública
Ela-chamaram-no
Ele- não tinha altura para chegar ao urinol
Ela- e continuaram a chamar
Ele- e meti-me num compartimento
Ela- mas nada
Ele- não fechei o compartimento à chave
Ela- o meu tio, quando chegou a noite, já desesperava
Ele- logo de seguida, o velho entrou dentro do compartimento e fechou-o à chave
Ela- mas chegou o dia seguinte e continuaram sem ter notícias dele
Ele- depois, começou-me a mostrar revistas pornográficas
Ela- a fome apertava. O meu tio já rezava, pedia a Deus um bocado de pão, queijo, carne de porco, o que quer que houvesse. Mas nada
Ele- perguntou-me se eu estava com tesão. Não sabia o que isso era
Ela- ao fim de dois dias, lá o encontraram. Tremia de frio, medo, sede e fome
Ele- A seguir, tentou baixar-me as calças
Ela- a partir daí, o meu tio passou a comer de tudo
Ele- eu resisti, perguntei-lhe o que é que ele estava a tentar fazer
Ela- até carne de cão, macaco e iguanas
Ele- destranquei a porta e ele deixou-me sair
Ela- mas nunca comeu favas
Ele- não me lembro da cara dele
Ela- por mais que insistíssemos, nunca provou uma fava sequer
Ele- mas acho que tinha barbas
Ela- enojavam-no, estarreciam-no
Ele- talvez fossem brancas, como as do pai natal
Ela- nunca soubémos porquê
Ele- seja como for, de vez em quando lembro-me disso
Ela- até comia raízes, todo o tipo de flores campestres, cágados e sapos
Ele- não é que tenha ficado algum trauma
Ela- mas nunca comeu favas
Ele- até porque ele não me fez nada
Ela- sempre que como favas lembro-me do meu tio.
Ele- não gosto do mês de Dezembro
(ele começa a cantar uma ópera romântica, enquanto ela palita os dentes. Passado pouco tempo, levantam-se e trocam um beijo apaixonado. Vão juntos para o quarto).
A mulher está a comer; o homem monta um puzzle.
Ela- sempre que como favas lembro-me do meu tio
Ele- não gosto do mês de Dezembro
Ela- ele dizia que era a única comida que não podia suportar
Ele- saio à rua e vejo todas as decorações
Ela- o meu tio contava-me que, quando era novo, não gostava de quase comida nenhuma
Ele- os pais natais, as árvores e os presépios
Ela- tinham de o agarrar e enfiar-lhe a colher, à força, pela boca abaixo
Ele- a música, um pouco por todo o lado, jingle bells
Ela- só gostava de linguado e bife de lombo
Ele- irrito-me
Ela- não comia mais nada, nenhum tipo de peixe, carne, vegetais...
Ele- não sei porquê
Ela- viviam numa quinta
Ele- talvez porque me tenham tentado molestar uma vez, em dezembro
Ela- faziam criação de gado, vacas, porcos, galinhas. Até cavalos lá havia
Ele- andava na escola, tinha para aí uns nove anos
Ela- um dia, o meu tio foi passear para o meio do mato, para longe da quinta
Ele- sim, tinha à volta disso
Ela- meteu-se no meio da densa vegetação, num terreno desabitado, que pertencera aos antigos vizinhos
Ele- apanhava o autocarro todos os dias
Ela- ninguém sabe muito bem como é que fez aquilo
Ele- e todos os dias havia um velho que olhava para mim
Ela- a verdade é que caiu num buraco
Ele- o velho entrava na mesma paragem e saía sempre quando eu saía
Ela- um buraco bem fundo, de onde não conseguia sair
Ele- o autocarro estava sempre cheio e eu reparava que ele se encostava a mim
Ela- ele bem gritou, mas ninguém o ouvia
Ele- íamos sempre os dois de pé, não encontrávamos lugares sentados
Ela- passado umas horas, a família reparou que ele tinha desaparecido. Procuraram-no
Ele- uma vez, saí do autocarro e estava com vontade de ir à casa de banho
Ela- mas não o encontravam
Ele- fui a uma casa de banho pública
Ela-chamaram-no
Ele- não tinha altura para chegar ao urinol
Ela- e continuaram a chamar
Ele- e meti-me num compartimento
Ela- mas nada
Ele- não fechei o compartimento à chave
Ela- o meu tio, quando chegou a noite, já desesperava
Ele- logo de seguida, o velho entrou dentro do compartimento e fechou-o à chave
Ela- mas chegou o dia seguinte e continuaram sem ter notícias dele
Ele- depois, começou-me a mostrar revistas pornográficas
Ela- a fome apertava. O meu tio já rezava, pedia a Deus um bocado de pão, queijo, carne de porco, o que quer que houvesse. Mas nada
Ele- perguntou-me se eu estava com tesão. Não sabia o que isso era
Ela- ao fim de dois dias, lá o encontraram. Tremia de frio, medo, sede e fome
Ele- A seguir, tentou baixar-me as calças
Ela- a partir daí, o meu tio passou a comer de tudo
Ele- eu resisti, perguntei-lhe o que é que ele estava a tentar fazer
Ela- até carne de cão, macaco e iguanas
Ele- destranquei a porta e ele deixou-me sair
Ela- mas nunca comeu favas
Ele- não me lembro da cara dele
Ela- por mais que insistíssemos, nunca provou uma fava sequer
Ele- mas acho que tinha barbas
Ela- enojavam-no, estarreciam-no
Ele- talvez fossem brancas, como as do pai natal
Ela- nunca soubémos porquê
Ele- seja como for, de vez em quando lembro-me disso
Ela- até comia raízes, todo o tipo de flores campestres, cágados e sapos
Ele- não é que tenha ficado algum trauma
Ela- mas nunca comeu favas
Ele- até porque ele não me fez nada
Ela- sempre que como favas lembro-me do meu tio.
Ele- não gosto do mês de Dezembro
(ele começa a cantar uma ópera romântica, enquanto ela palita os dentes. Passado pouco tempo, levantam-se e trocam um beijo apaixonado. Vão juntos para o quarto).
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Noites de Verão
Sinto dificuldade em adormecer nas noites de Verão. Se deixo a janela fechada, fica tudo demasiado abafado. Se abro a janela, entram melgas para o quarto e, para não ser picado, tenho de me tapar todo com o lençol (e fico ainda com mais calor).
Enquanto estou deitado na cama, sem conseguir adormecer, e sem me decidir entre deixar ou não a janela fechada, começo a pensar noutras problemáticas: penso se, normalmente, engulo ou não a saliva. Ao pensar neste facto, engulo, necessariamente, saliva, e não paro de pensar neste facto enquanto não continuar a engolir saliva, continuamente até adormecer. E penso também na constipação que tive há umas semanas, e que me fazia tossir sem parar. De repente, começo a tossir, sem conseguir parar. Engasgo-me com a saliva, que continuo a engolir e olho para o relógio, já são cinco e meia da manhã, tenho poucas horas até acordar, mas a verdade é que não consigo adormecer com a ansiedade de saber que terei de acordar daí a pouco. De qualquer forma, já estou tão cansado, com um cansaço tão grande, que já não consigo dormir. E está calor, e o dia começa a clarear, aparecem os primeiros sinais de um novo dia, pelas persianas da janela.
Enquanto estou deitado na cama, sem conseguir adormecer, e sem me decidir entre deixar ou não a janela fechada, começo a pensar noutras problemáticas: penso se, normalmente, engulo ou não a saliva. Ao pensar neste facto, engulo, necessariamente, saliva, e não paro de pensar neste facto enquanto não continuar a engolir saliva, continuamente até adormecer. E penso também na constipação que tive há umas semanas, e que me fazia tossir sem parar. De repente, começo a tossir, sem conseguir parar. Engasgo-me com a saliva, que continuo a engolir e olho para o relógio, já são cinco e meia da manhã, tenho poucas horas até acordar, mas a verdade é que não consigo adormecer com a ansiedade de saber que terei de acordar daí a pouco. De qualquer forma, já estou tão cansado, com um cansaço tão grande, que já não consigo dormir. E está calor, e o dia começa a clarear, aparecem os primeiros sinais de um novo dia, pelas persianas da janela.
domingo, 22 de junho de 2008
O Grande Lucio Fulci
E chego agora ao post nº20!!
Hoje vou falar de um "grande" realizador, infelizmente, já falecido, e do qual vão passar, esta semana, na Cinemateca Portuguesa, 2 filmes.
Falamos de Lucio Fulci, "mestre" do cinema gore italiano, e realizador de cerca de 60 longas metragens, que começaram na comédia e acabaram no terror (em todos os sentidos do termo, de tão maus que são os seus últimos filmes).
A Cinemateca vai passar 2 "giallos" de Lucio Fulci. Basicamente, um "giallo" é um filme meio policial, com uns toques de cinema fantástico, e bastante sangue. Este "subgénero" foi criado pelos italianos e foi praticado por nomes como Dario Argento, ou Mario Bava.
Vai passar, na Quarta Feira, "Non se sevizia un paperino" e, na Sexta Feira, "Lucertola con la pelle di dona". Nunca vi nenhum destes filmes, mas dizem que são dos melhorzinhos do senhor.
Olho para Lucio Fulci com uma certa ternura e nostalgia, pois lembro-me bem de assistir a uma retrospectiva de alguns filmes seus no Fantasporto, há uns 10 anos atrás, quando ainda era no saudoso Auditório Carlos Alberto. As sessões acabavam por volta das 5 da manhã, e recordo-me que, numa noite, assisti a 3 filmes de Lucio Fulci de seguida.
Fica aqui uma imagem "antológica" de um dos seus filmes mais famosos, "Zombie 2", e que consiste num combate entre um zombie.......e um tubarão!!!!
Hoje vou falar de um "grande" realizador, infelizmente, já falecido, e do qual vão passar, esta semana, na Cinemateca Portuguesa, 2 filmes.
Falamos de Lucio Fulci, "mestre" do cinema gore italiano, e realizador de cerca de 60 longas metragens, que começaram na comédia e acabaram no terror (em todos os sentidos do termo, de tão maus que são os seus últimos filmes).
A Cinemateca vai passar 2 "giallos" de Lucio Fulci. Basicamente, um "giallo" é um filme meio policial, com uns toques de cinema fantástico, e bastante sangue. Este "subgénero" foi criado pelos italianos e foi praticado por nomes como Dario Argento, ou Mario Bava.
Vai passar, na Quarta Feira, "Non se sevizia un paperino" e, na Sexta Feira, "Lucertola con la pelle di dona". Nunca vi nenhum destes filmes, mas dizem que são dos melhorzinhos do senhor.
Olho para Lucio Fulci com uma certa ternura e nostalgia, pois lembro-me bem de assistir a uma retrospectiva de alguns filmes seus no Fantasporto, há uns 10 anos atrás, quando ainda era no saudoso Auditório Carlos Alberto. As sessões acabavam por volta das 5 da manhã, e recordo-me que, numa noite, assisti a 3 filmes de Lucio Fulci de seguida.
Fica aqui uma imagem "antológica" de um dos seus filmes mais famosos, "Zombie 2", e que consiste num combate entre um zombie.......e um tubarão!!!!
domingo, 8 de junho de 2008
12 passos para combater o medo de andar de avião
1- Primeiro que tudo, calma. Respirar fundo, e fechar os olhos.
2- A seguir, deve-se tomar um calmante.
3- Depois, para os religiosos, fazer uma pequena reza.
4- Mesmo para os não-religiosos, fazer uma pequena reza. Não custa tentar e não se perde nada. Se Deus existir, melhor. Se não existir, uma pessoa sempre se distrai a rezar e não pensa.
5- Tomar mais um calmante.
6- Para acompanhar o calmante, uma bebida alcoólica.
7- Ler uma revista ou um jornal parvo, para não pensar muito.
8- Tomar mais um calmante.
9- Tomar outro calmante.
10- Quando estiver num estado quase letárgico, é a altura ideal para comprar o bilhete de avião. Convém ser com um mês de antecedência, para se consciencializar da viagem.
11- Repetir os anteriores 9 passos várias vezes ao dia, durante os restantes 30 dias, até à viagem.
12- Vê? Não custa nada!
2- A seguir, deve-se tomar um calmante.
3- Depois, para os religiosos, fazer uma pequena reza.
4- Mesmo para os não-religiosos, fazer uma pequena reza. Não custa tentar e não se perde nada. Se Deus existir, melhor. Se não existir, uma pessoa sempre se distrai a rezar e não pensa.
5- Tomar mais um calmante.
6- Para acompanhar o calmante, uma bebida alcoólica.
7- Ler uma revista ou um jornal parvo, para não pensar muito.
8- Tomar mais um calmante.
9- Tomar outro calmante.
10- Quando estiver num estado quase letárgico, é a altura ideal para comprar o bilhete de avião. Convém ser com um mês de antecedência, para se consciencializar da viagem.
11- Repetir os anteriores 9 passos várias vezes ao dia, durante os restantes 30 dias, até à viagem.
12- Vê? Não custa nada!
terça-feira, 3 de junho de 2008
Os Hoteís de 6 Estrelas
Reparei agora que não escrevo neste blog moribundo há que tempos. Se não escrever hoje, cortam-me links, e isto, para um blog, é como cortar a luz e o gás para a minha casa. Bem, que comparação idiota, mas enfim....
Ora bem, vou falar de uma coisa que me apoquenta há largos meses...a história dos hoteís de 6 estrelas. Parece que inauguraram um há poucos meses, em Vilamoura, e já há vários destes em todo o mundo.
Vamos ver uma coisa....hoteís de 6 estrelas...porquê? Pensei que existisse um limite. Seriam de 1,2,3,4...ou 5 estrelas. É como a história dos limites de um exame. Que eu saiba, não há um exame de 21 valores.
Dir-me-ão: ah, mas estes hoteís são tão bons, tão bons, que são melhores que o melhor. Então, depois cria-se um hotel ainda melhor, e fica de 7 estrelas.
Depois, cria-se um hotel com quartos revestidos a diamante e é um hotel de 35 estrelas.
Qualquer dia, dizemos que fomos de férias para um hotel de 89 estrelas e por aí adiante....
Enfim....esquisitices. Faz-me lembrar o filme "This is Spinal Tap", do Rob Reiner, sobre uma banda hiper-croma de metal. A certa altura, o guitarrista, todo orgulhoso, diz: "o botão do volume do meu amplificador ultrapassa o valor máximo (10) e vai até ao 11!" E perguntam-lhe: "mas quais são as diferenças"? O homem olha para o interlocutor e responde, confundido: "sei lá....é melhor que os outros...não está a ver que vai até ao 11?"
Pois.
Ora bem, vou falar de uma coisa que me apoquenta há largos meses...a história dos hoteís de 6 estrelas. Parece que inauguraram um há poucos meses, em Vilamoura, e já há vários destes em todo o mundo.
Vamos ver uma coisa....hoteís de 6 estrelas...porquê? Pensei que existisse um limite. Seriam de 1,2,3,4...ou 5 estrelas. É como a história dos limites de um exame. Que eu saiba, não há um exame de 21 valores.
Dir-me-ão: ah, mas estes hoteís são tão bons, tão bons, que são melhores que o melhor. Então, depois cria-se um hotel ainda melhor, e fica de 7 estrelas.
Depois, cria-se um hotel com quartos revestidos a diamante e é um hotel de 35 estrelas.
Qualquer dia, dizemos que fomos de férias para um hotel de 89 estrelas e por aí adiante....
Enfim....esquisitices. Faz-me lembrar o filme "This is Spinal Tap", do Rob Reiner, sobre uma banda hiper-croma de metal. A certa altura, o guitarrista, todo orgulhoso, diz: "o botão do volume do meu amplificador ultrapassa o valor máximo (10) e vai até ao 11!" E perguntam-lhe: "mas quais são as diferenças"? O homem olha para o interlocutor e responde, confundido: "sei lá....é melhor que os outros...não está a ver que vai até ao 11?"
Pois.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Que Grunge Horror
Pelas paredes da cidade, o cartaz, ameaçador: "Grunge Festa IV - Long Live Kurt Cobain", 24 de Abril, no Santiago Alquimista.
Na myspace sobre a festa, mais algumas explicações: "Na sala Santiago actuarão a banda de Tributo a Nirvana, um project já com 12 anos, e o DJ Cantrell".
Confirma-se: o Grunge está de volta. Com isto estão também de volta muitas das bandas da tristíssima e medíocre "cena musical" dos anos 90: Pearl Jam, Alice In Chains, Stone Temple Pilots, Soundgarden, etc. E muitos destes nomes nem são dos piores.
Brevemente, veremos os adolescentes de outrora, agora trintões ou quase, a envergar, de novo, as antigas camisas de flanela dos 90's, mais as Doc Martens, os calções e as meias brancas. O cabelo, esse já não deve crescer, a idade não perdoa e muitos desses jovens já estão meio carecas.
E talvez a nova geração, dos ipods, MP3 e do sempre a bombar, se sinta também atraída pelo espírito de rebeldia bacoca de há uns anos atrás e comece a andar também com as camisas de flanela, que serão postas à venda, brevemente, nas Zaras, Bershkas e derivados.
Eu próprio fui fã desse movimento musical, no início dos anos 90. Também tinha uma banda que tocava versões de Nirvana, fui ao concerto, chorei quando o homenzinho morreu, etc. Ainda me lembro de explicar a umas colegas de Liceu, "betas", o que era o Grunge, essa nova cena musical. Era, basicamente, uma mistura de várias misturas, o revivalismo mastigado do punk, com uns pós de metal e mais outras coisas quaisquer.
Agora, passados estes anos todos, assisto, pela primeira vez, ao revivalismo de algo que vivi. O revivalismo do revivalismo, com uns pozitos modernos. O pessoal da minha idade, saudoso da juventude perdida, pensa: "olha, afinal o Grunge nem é assim tão mau". São os mesmos que pensam, por exemplo, que os Censurados são bons, porque gostavam de ouvir o Ribas (um dos maiores asnos da história musical portuguesa) cantar, quando eram jovens imberbes, que se armavam em duros quando se lançavam no Mosh.
Os outros vão na cantiga do costume. Agora, invertem-se os papeis, transformei-me no tiozinho, que explica às crianças, fascinadas: "sabem, fui ao concerto dos Nirvana, em 1994....estava um dia quente, lá para zonas de Cascais..."
domingo, 20 de abril de 2008
Dizem que a Natureza é sábia, e que o odor campestre é o melhor remédio para curar males de espírito. O calor da multidão funde-se nas árvores e nas folhas de Outono, nos desertos juncados por pegadas alheias e no sorriso cruel de uma calma imensa camuflada por sonhos, cartas e destinos por cumprir.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Novo Vídeo dos Portishead
Vem aí o terceiro álbum dos Portishead, de seu nome "Third", o primeiro disco de originais em 11 anos. Confesso que estava desconfiado com o resultado final, e ainda não ouvi o disco, mas o single de apresentação do disco, "Machine Gun", deixa boas referências...
terça-feira, 18 de março de 2008
A Bela Carreira do Tony
Na televisão, uma repórter entusiasmada a entrevistar o Artista. Como se sente? Está nervoso? Pavilhão Atlântico cheio, mais de 17 mil pessoas a assistir! E o Artista, sereno, diz apenas para as pessoas verem os outros espectáculos da digressão. E o repórter explica, a RTP está a seguir a passo e passo o concerto de Tony Carreira no Pavilhão Atlântico! Um exclusivo! Mas não é só. Tony Carreira aparece como convidado em Talkshows, vai a galas, mostra a casa nas capas das revistas. E há o filho, o grande Mickael, cópia do pai, mas em foleiro-jovem.
E Tony Carreira continua a explicar: são mais de 250 técnicos, no total, para as luzes, o som, mais uma quantidade enorme de instrumentistas para tocarem aquelas pérolas.
Eu fico embasbacado. É o sinal típico do músico parolo. Quanto mais instrumentistas em palco, maior sinal de "qualidade". Se houver 10 meninas a cantar coros, mais 5 macacos na percussão, mais não sei quantos órgãos e guitarristas solo, temos o que o povo gosta, o espectáculo total. Faz-me lembrar uma crítica muito antiga que um jornal fez a um disco de Elton John, que tinha uma capa muito rococó. Chamou-lhe "cocó de luxo". Parece-me um termo bem aplicado a toda esta parafernália de Tony Carreira. Muitos rodriguinhos, muito spray para tentar desviar o mau cheiro.
Este é o tipo de artista que mais me irrita. O pimba com ambições qualitativas. Pelo menos, o Toy é o Toy, o Graciano Saga, é o Graciano Chaga. Mas o Tony Carreira não. O Tony Carreira é o nosso "cantor romântico", com muitos técnicos e muitas luzes.
Não me irritaria se não lhe dessem importância. Agora, fazerem directos e transmissões na RTP, a Estação Público, é que já me enoja. E não me falem do serviço público, de dar ao público o que este quer. Serviço público deveria implicar educação. Mas temos os artistas que merecemos.
Há 15 anos havia programas de música, como o Pop Off, que divulgava novos artistas portugueses, e até os ajudava a criar vídeos, com baixo orçamento. Até O Euroritmias convidava artistas como os Ocaso Épico.
Agora, temos Academias de Estrelas, onde macaquinhos de imitação vão fazer provas de esforço para poderem, um dia, alcançar o sonho de participarem no Festival da Canção.
Temos o Tony Carreira elevado a estatuto de ícone.
Não vale a pena estar a gastar mais linhas com isto. Divirtam-se.
E Tony Carreira continua a explicar: são mais de 250 técnicos, no total, para as luzes, o som, mais uma quantidade enorme de instrumentistas para tocarem aquelas pérolas.
Eu fico embasbacado. É o sinal típico do músico parolo. Quanto mais instrumentistas em palco, maior sinal de "qualidade". Se houver 10 meninas a cantar coros, mais 5 macacos na percussão, mais não sei quantos órgãos e guitarristas solo, temos o que o povo gosta, o espectáculo total. Faz-me lembrar uma crítica muito antiga que um jornal fez a um disco de Elton John, que tinha uma capa muito rococó. Chamou-lhe "cocó de luxo". Parece-me um termo bem aplicado a toda esta parafernália de Tony Carreira. Muitos rodriguinhos, muito spray para tentar desviar o mau cheiro.
Este é o tipo de artista que mais me irrita. O pimba com ambições qualitativas. Pelo menos, o Toy é o Toy, o Graciano Saga, é o Graciano Chaga. Mas o Tony Carreira não. O Tony Carreira é o nosso "cantor romântico", com muitos técnicos e muitas luzes.
Não me irritaria se não lhe dessem importância. Agora, fazerem directos e transmissões na RTP, a Estação Público, é que já me enoja. E não me falem do serviço público, de dar ao público o que este quer. Serviço público deveria implicar educação. Mas temos os artistas que merecemos.
Há 15 anos havia programas de música, como o Pop Off, que divulgava novos artistas portugueses, e até os ajudava a criar vídeos, com baixo orçamento. Até O Euroritmias convidava artistas como os Ocaso Épico.
Agora, temos Academias de Estrelas, onde macaquinhos de imitação vão fazer provas de esforço para poderem, um dia, alcançar o sonho de participarem no Festival da Canção.
Temos o Tony Carreira elevado a estatuto de ícone.
Não vale a pena estar a gastar mais linhas com isto. Divirtam-se.
domingo, 16 de março de 2008
Funplex
Sempre nutri uma especial simpatia pelos B-52's. Alegres, simpáticos, despretensiosos, com as letras mais estupidamente imbecis que se poderia imaginar. Os dois primeiros álbuns eram os melhores, ainda dominados pela guitarra surf rock do Ricky Wilson, e com músicas genuinamente fantásticas, como Planet Claire, Rock Lobster, Lava, Give me back my man, My Own Private Idaho, Strobe Light...
O Mesopotomia ainda é bastante bom, mudaram um pouco de estilo com a produção do David Byrne, e tem Deep Sleep e o tema título, entre outros, como clássicos. Depois, foram deixando o lado goofy vir cada vez mais ao de cima, abandonaram as guitarras surf e substituíram-nas por sintetizadores. O disco seguinte, Whammy!, é desigual, mas tem grandes temas, como Song for a Future Generation, Butterbean, ou o fantástico Legal Tender.
Depois, veio a tragédia. O guitarrista e líder criativo Ricky Wilson morreu de sida, e os B-52's editaram um álbum menor, com um som datadíssimo, de onde só se escapavam algumas grandes músicas, como Wig.
Curiosamente, o grande sucesso comercial veio em 1989, com Cosmic Thing e o single Love Shack. Mas esses eram outros B-52's, simpáticos, polidos, politicamente correctos e ultra-comerciais. Do disco seguinte, de 1992, mais vale não dizer nada. Depois, exceptuando uma patética participação na banda sonora dos Flinstones, nada. Até que foram surgindo, desde há alguns anos, rumores que indicavam a existência de um novo disco de originais.
Ansiei por tal não acontecer, dados os últimos antecedentes.
Mas eis que chega no fim do mês o novo "Funplex". Continuo a pensar que não deve ser nada do outro mundo, mas já ouvi o primeiro single, de seu nome....Funplex. Confesso que foi uma agradável surpresa, e os B-52's mostram, neste tema, uma garra que parecia perdida há muito.
Na minha opinião, é a sua melhor música desde há muito, muito tempo....não é genial, mas é divertida.
Não há videoclip, tirei isto de um vídeo feito por fãs, com base em várias fotografias. E venha daí o disco!
O Mesopotomia ainda é bastante bom, mudaram um pouco de estilo com a produção do David Byrne, e tem Deep Sleep e o tema título, entre outros, como clássicos. Depois, foram deixando o lado goofy vir cada vez mais ao de cima, abandonaram as guitarras surf e substituíram-nas por sintetizadores. O disco seguinte, Whammy!, é desigual, mas tem grandes temas, como Song for a Future Generation, Butterbean, ou o fantástico Legal Tender.
Depois, veio a tragédia. O guitarrista e líder criativo Ricky Wilson morreu de sida, e os B-52's editaram um álbum menor, com um som datadíssimo, de onde só se escapavam algumas grandes músicas, como Wig.
Curiosamente, o grande sucesso comercial veio em 1989, com Cosmic Thing e o single Love Shack. Mas esses eram outros B-52's, simpáticos, polidos, politicamente correctos e ultra-comerciais. Do disco seguinte, de 1992, mais vale não dizer nada. Depois, exceptuando uma patética participação na banda sonora dos Flinstones, nada. Até que foram surgindo, desde há alguns anos, rumores que indicavam a existência de um novo disco de originais.
Ansiei por tal não acontecer, dados os últimos antecedentes.
Mas eis que chega no fim do mês o novo "Funplex". Continuo a pensar que não deve ser nada do outro mundo, mas já ouvi o primeiro single, de seu nome....Funplex. Confesso que foi uma agradável surpresa, e os B-52's mostram, neste tema, uma garra que parecia perdida há muito.
Na minha opinião, é a sua melhor música desde há muito, muito tempo....não é genial, mas é divertida.
Não há videoclip, tirei isto de um vídeo feito por fãs, com base em várias fotografias. E venha daí o disco!
segunda-feira, 10 de março de 2008
A música perdida da minha infância
Como um senhor vetusto que se preze, comecei a ouvir música em vinis, nos longínquos anos oitenta. Não sei porquê, mas o meu artista favorito, era o Paul McCartney. Sim, o homem a solo, não o seu período nos Beatles. E gostava dos seus discos dos anos 80, Tug of War, Give My Regards to Broad Street, etc....
Era a fase dos sintetizadores foleiros. E havia um programa qualquer de manhã que passava todos os dias uns videoclips. Dentro desses videoclips, havia um que eu adorava. Era com um barbudo e com outro senhor. Não sei porque é que a música me fascinava tanto, talvez pelo videoclip, que me divertia muito. Mas era a MINHA música. Tentei saber o nome do grupo, mas sem sucesso. Lembro-me que, nuns anos meus, talvez quando fiz oito anos, apenas queria o disco com essa música. Mas ninguém sabia do que se tratava. Lembro-me de descrever o vídeo ao irmão mais velho de um colega meu, e de fazer tristes figuras com isso, mas nada....
Sabia só que tinha muitas imagens. Talvez por isso me tenham oferecido o single de um grupo chamado Images, com uma música de seu nome "Love Emotions". Escusado será dizer que essa canção (péssima) não correspondia à minha música favorita.
E assim foi. O meu irmão pôde regalar-se com os Europe e com o seu Final Countdown. Eu fiquei sem poder ouvir em casa a minha música do senhor barbudo.
Passaram-se anos. Cheguei a pesquisar na net, através da palavras passe tipo "80's hits", para ver se encontrava a canção-mistério.
Até que há poucos anos, numa discoteca que passava muita foleirada dos 80's, a ouvi de novo.
Corri para o DJ e perguntei-lhe o nome. Ele disse-me: Right Between The Eyes, dos Wax. não conhecia o nome, apontei. E voltei a ouvir.
Escusado será dizer que a música é tenebrosa e o vídeo horroroso. Mas fiquei satisfeito, passados tantos anos. Já posso cantarolá-la em casa!
Era a fase dos sintetizadores foleiros. E havia um programa qualquer de manhã que passava todos os dias uns videoclips. Dentro desses videoclips, havia um que eu adorava. Era com um barbudo e com outro senhor. Não sei porque é que a música me fascinava tanto, talvez pelo videoclip, que me divertia muito. Mas era a MINHA música. Tentei saber o nome do grupo, mas sem sucesso. Lembro-me que, nuns anos meus, talvez quando fiz oito anos, apenas queria o disco com essa música. Mas ninguém sabia do que se tratava. Lembro-me de descrever o vídeo ao irmão mais velho de um colega meu, e de fazer tristes figuras com isso, mas nada....
Sabia só que tinha muitas imagens. Talvez por isso me tenham oferecido o single de um grupo chamado Images, com uma música de seu nome "Love Emotions". Escusado será dizer que essa canção (péssima) não correspondia à minha música favorita.
E assim foi. O meu irmão pôde regalar-se com os Europe e com o seu Final Countdown. Eu fiquei sem poder ouvir em casa a minha música do senhor barbudo.
Passaram-se anos. Cheguei a pesquisar na net, através da palavras passe tipo "80's hits", para ver se encontrava a canção-mistério.
Até que há poucos anos, numa discoteca que passava muita foleirada dos 80's, a ouvi de novo.
Corri para o DJ e perguntei-lhe o nome. Ele disse-me: Right Between The Eyes, dos Wax. não conhecia o nome, apontei. E voltei a ouvir.
Escusado será dizer que a música é tenebrosa e o vídeo horroroso. Mas fiquei satisfeito, passados tantos anos. Já posso cantarolá-la em casa!
sexta-feira, 7 de março de 2008
Entrevista de Emprego
- Bom dia
- Bom dia....
- Estou a falar com o Dr. Odradek?
- É o próprio...
- Daqui fala da sociedade Bettentcourt & Allmeida, Lda...
- Ah?
- O Dr. Odradek veio outro dia ao nosso escritório para uma entrevista....
- Ah, sim, claro, claro!!
- Pois...
- Mas diga, há novidades?
- Olhe, Dr. Odradek...no currículo que nos apresentou e durante a entrevista de trabalho, omitiu-nos um facto importante....
- Que facto??
- Ora, Dr. Odradek....o facto de o Dr. ser cadastrado!
- Cadastrado?? Não estou a entender....
- Dr. Odradek, o Dr. tem registo criminal, já foi condenado por um crime....
- Um crime? Desculpe, mas há aqui algum engano....
- Não há engano nenhum, Dr. Odradek! Nós verificámos....
- Mas não pode ser, juro!! A única coisa errada que eu já fiz na vida foi não pagar uma ou outra multa por estar mal estacionado, isso não equivale....
- Ah, mas não é disso que estamos a falar....
- Então, é de quê?
- Um crime que cometeu...
- Um crime que cometi? Mas que crime? Desculpe, mas sinto-me como um personagem do Processo, do Kafka, não me lembro de ter cometido crime algum.....compreenda...diga-me, pelo menos, do que sou acusado!!
- Eu compreendo, Dr. Odradek, e vou dizer o crime pelo qual foi condenado....foi o crime de....
SÃO HORAS DE ACORDAR. SÃO OITO HORAS E TRINTA MINUTOS
Devia ter programado para 5 minutos mais tarde. Sempre saberia qual o crime que eu cometi, para ser condenado...
Tenho de ir a menos entrevistas de emprego.
- Bom dia....
- Estou a falar com o Dr. Odradek?
- É o próprio...
- Daqui fala da sociedade Bettentcourt & Allmeida, Lda...
- Ah?
- O Dr. Odradek veio outro dia ao nosso escritório para uma entrevista....
- Ah, sim, claro, claro!!
- Pois...
- Mas diga, há novidades?
- Olhe, Dr. Odradek...no currículo que nos apresentou e durante a entrevista de trabalho, omitiu-nos um facto importante....
- Que facto??
- Ora, Dr. Odradek....o facto de o Dr. ser cadastrado!
- Cadastrado?? Não estou a entender....
- Dr. Odradek, o Dr. tem registo criminal, já foi condenado por um crime....
- Um crime? Desculpe, mas há aqui algum engano....
- Não há engano nenhum, Dr. Odradek! Nós verificámos....
- Mas não pode ser, juro!! A única coisa errada que eu já fiz na vida foi não pagar uma ou outra multa por estar mal estacionado, isso não equivale....
- Ah, mas não é disso que estamos a falar....
- Então, é de quê?
- Um crime que cometeu...
- Um crime que cometi? Mas que crime? Desculpe, mas sinto-me como um personagem do Processo, do Kafka, não me lembro de ter cometido crime algum.....compreenda...diga-me, pelo menos, do que sou acusado!!
- Eu compreendo, Dr. Odradek, e vou dizer o crime pelo qual foi condenado....foi o crime de....
SÃO HORAS DE ACORDAR. SÃO OITO HORAS E TRINTA MINUTOS
Devia ter programado para 5 minutos mais tarde. Sempre saberia qual o crime que eu cometi, para ser condenado...
Tenho de ir a menos entrevistas de emprego.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
A palavra ao gato
Olá!
Deixem que me apresente: sou o gato que aparece na fotografia aqui em baixo. Aproveitei que o meu dono saiu e deixou o computador ligado, para escrever umas coisitas. Afinal, o blog tem a palavra "gato" no seu nome, tenho direito a expressar a minha opinião. Não é que tenha opinião. Sou gato, tenho três anos e meio de idade e gosto de comer, brincar e dormir. De resto, gosto de dormir em cima deste computador, quando ele está ligado. O meu dono não sabe, só faço isso quando ele sai de casa. O meu dono é advogado, pelo menos é o que dizem, mas ele não parece estar muito convencido. Só o vejo pegar em livros de Direito quando precisa de alguma coisa para esborrachar as melgas na parede. Além disso, o meu dono costuma levantar-se muito tarde e veste a primeira combinação de roupas que lhe aparece à frente. Anda muitas vezes com a barba um bocado mal feita, mais aquela pêra e bigode dignos de um mosqueteiro. E isto quando não deixa crescer o cabelo e parece o Graciano Saga.
Mas gosto do meu dono. Dá-me comida, brinca comigo e faz-me festas.
O que querem que eu diga mais? Querem que conte uma anedota?
Aposto que vão perguntar como é que eu estou a escrever aqui. Os gatos sabem escrever?, perguntarão.....
Claro que não. Quem está a escrever esta parolice é o meu dono, mesmo. Deve querer fazer um texto enternecedor, sobre as maravilhas dos animais de quatro patas e outras pessagadas do género. Não lhe liguem, não é má pessoa, apesar de ser um bocado tótó.
Até gosto dele. Afinal, dá-me comida, faz-me festas e brinca comigo.
Deixem que me apresente: sou o gato que aparece na fotografia aqui em baixo. Aproveitei que o meu dono saiu e deixou o computador ligado, para escrever umas coisitas. Afinal, o blog tem a palavra "gato" no seu nome, tenho direito a expressar a minha opinião. Não é que tenha opinião. Sou gato, tenho três anos e meio de idade e gosto de comer, brincar e dormir. De resto, gosto de dormir em cima deste computador, quando ele está ligado. O meu dono não sabe, só faço isso quando ele sai de casa. O meu dono é advogado, pelo menos é o que dizem, mas ele não parece estar muito convencido. Só o vejo pegar em livros de Direito quando precisa de alguma coisa para esborrachar as melgas na parede. Além disso, o meu dono costuma levantar-se muito tarde e veste a primeira combinação de roupas que lhe aparece à frente. Anda muitas vezes com a barba um bocado mal feita, mais aquela pêra e bigode dignos de um mosqueteiro. E isto quando não deixa crescer o cabelo e parece o Graciano Saga.
Mas gosto do meu dono. Dá-me comida, brinca comigo e faz-me festas.
O que querem que eu diga mais? Querem que conte uma anedota?
Aposto que vão perguntar como é que eu estou a escrever aqui. Os gatos sabem escrever?, perguntarão.....
Claro que não. Quem está a escrever esta parolice é o meu dono, mesmo. Deve querer fazer um texto enternecedor, sobre as maravilhas dos animais de quatro patas e outras pessagadas do género. Não lhe liguem, não é má pessoa, apesar de ser um bocado tótó.
Até gosto dele. Afinal, dá-me comida, faz-me festas e brinca comigo.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Algumas perguntas e respostas
1- Rabo escondido com gato de fora....porquê esse nome?
R: é um nome engraçado, um trocadilho. Apelativo, não? E, que eu saiba, não há outro blog com esse nome. O que é bom. Também poderia chamar ao meu blog xdltomdelda8903mfs. blogspot. com. Penso que esse nome não existe. Mas rabo escondido com gato de fora é mais giro.
2- Isto quer dizer que o blog tem um gato como personagem activo ou assim e tal?
R: sei lá. Sinceramente, nem sei o que vá meter no blog. Mas de vez em quando posso meter um gato. Ou coisas relacionadas com gatos. A propósito, o bicho que está aqui em baixo é o meu gato.
3- huuum...és homem, solteiro....dizem que os homens que têm gatos são bichonas...
R: bichonas são os gajos que têm cães e odeiam gatos. Todos eles.
4- e diz-me lá, ó rabo....
R: rabo é a avózinha. Rabo escondido com gato de fora. E para si, sou Senhor Doutor!
5- desculpe, senhor doutor rabo....
R: vá chamar rabo ao raio que o parta!
6- desculpe....
R: pare de pedir desculpa, caralho!
7- não foi por mal....Senhor autor do blog, e pensa em ter leitores?
R: sei lá...se não pensasse, comprava um diariozinho e escrevia estas bodegas no caderno e trancava-o a sete chaves. Isto está num espaço público, etc. Mas não penso ser o rei da popularidade. Até porque não me apetece estar a comentar em tudo o que é blog, para fazer a minha campanha eleitoral.
8- mas quer ter leitores?
R: sim! Por favor! Divulgem-me! Prometo que sou simpático! E que vou comentar em tudo o que é blog, a dizer muito bem de tudo e que são todos muito giros, inteligentes e interessantes!
9- e o próximo post, será sobre o quê?
R: não sei...o que é que achas que o público gosta? Um poema? Uma citação?
10- e que tal uma reflexão introspectiva?
R: huum...é uma ideia....
11- e um post escrito pelo teu gato?
R: tás maluco? Ele pode ser gato, mas não é parvo!
R: é um nome engraçado, um trocadilho. Apelativo, não? E, que eu saiba, não há outro blog com esse nome. O que é bom. Também poderia chamar ao meu blog xdltomdelda8903mfs. blogspot. com. Penso que esse nome não existe. Mas rabo escondido com gato de fora é mais giro.
2- Isto quer dizer que o blog tem um gato como personagem activo ou assim e tal?
R: sei lá. Sinceramente, nem sei o que vá meter no blog. Mas de vez em quando posso meter um gato. Ou coisas relacionadas com gatos. A propósito, o bicho que está aqui em baixo é o meu gato.
3- huuum...és homem, solteiro....dizem que os homens que têm gatos são bichonas...
R: bichonas são os gajos que têm cães e odeiam gatos. Todos eles.
4- e diz-me lá, ó rabo....
R: rabo é a avózinha. Rabo escondido com gato de fora. E para si, sou Senhor Doutor!
5- desculpe, senhor doutor rabo....
R: vá chamar rabo ao raio que o parta!
6- desculpe....
R: pare de pedir desculpa, caralho!
7- não foi por mal....Senhor autor do blog, e pensa em ter leitores?
R: sei lá...se não pensasse, comprava um diariozinho e escrevia estas bodegas no caderno e trancava-o a sete chaves. Isto está num espaço público, etc. Mas não penso ser o rei da popularidade. Até porque não me apetece estar a comentar em tudo o que é blog, para fazer a minha campanha eleitoral.
8- mas quer ter leitores?
R: sim! Por favor! Divulgem-me! Prometo que sou simpático! E que vou comentar em tudo o que é blog, a dizer muito bem de tudo e que são todos muito giros, inteligentes e interessantes!
9- e o próximo post, será sobre o quê?
R: não sei...o que é que achas que o público gosta? Um poema? Uma citação?
10- e que tal uma reflexão introspectiva?
R: huum...é uma ideia....
11- e um post escrito pelo teu gato?
R: tás maluco? Ele pode ser gato, mas não é parvo!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
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