quinta-feira, 9 de abril de 2009

As Poéticas do Rock

Agora que já acabou o Colóquio “Poéticas do Rock em Portugal” (a programação está neste blog: http://poeticasdorock.blogspot.com), vou tecer algumas breves, e simples considerações pessoais:
1- A adesão do público não foi espectacular. É certo que os horários não eram os mais indicados, e estamos em período de Páscoa (por isso, os jovens estarão, certamente, em casa, reflectindo sobre o sacrifício de Jesus Cristo). De qualquer forma, contava que esses mesmos jovens, ou o pessoal entusiasta, que esgota, com antecedência, todas as sessões do Doc Lisboa ou do Indie Lisboa comparecesse um pouco mais.
2- Por falar em público, vou falar um pouco mais deste, mas do Público com P grande, aquele que tem um suplemento chamado Ipsílon, e que não se deu ao trabalho de fazer a mais pequena referência a este evento, nas páginas desse pasquim cultural. É sempre preferível fazer exclusivos dos concertos em Londres das novas cantoras promessa da cena folk-rock internacional.
3- Por falar em líricas pop-rock, falemos dos Artistas Nacionais. Como se pode ler na programação, para o dia 7 de Abril, foram convidados, para a mesa redonda, 4 músicos. Apareceram dois: JP Simões e Fernando Ribeiro (que falaram bastante bem). No dia seguinte, apareceu mais gente. Falando apenas nos músicos, Manuel João Vieira chegou a 10 minutos do fim, e estava lá Tiago Guillul.
4- A maior parte da assistência limitava-se a aparecer apenas para os debates entre músicos, na mesa redonda. A chegada dos fãs de Moonspell, com as suas botifarras barulhentas, fazia-se ouvir à distância.
5- Mário Jorge Torres (curiosamente,jornalista do Público), foi uma péssima escolha para moderador.
6- Tiago Guillul terá resumido o espírito com que a malta em geral (público, Públicos e afins, músicos e artistas) encara a lírica do rock em Portugal: será, segundo palavras que este músico disse (mais coisa, menos coisa), o mais anti-rock possível estar a discutir líricas rock em Universidades. Por isso, a maior parte dos músicos convidados (aqueles que se abstiveram de aparecer), teriam tomado a melhor decisão possível. Para quê estar a construir teorias à volta da música (incluindo aquelas teorias que não consideram as líricas rock uma arte “menor”) quando, no fim de contas, “It’s Only Rock and Roll”?
7- Apesar de tudo, um balanço positivo (da parte de um músico praticante de vez em quando, não profissional, e que gosta de escrever umas coisas e de gostar de líricas rock).

4 comentários:

Post-It disse...

:)
O rock é acto do corpo com a alma à superfície. Faz todo o sentido ser estudado, parece-me...
Podemos balançar as ancas e abanar a carola com rock cantado em inglês, ou noutra música estrangeira, sem percebermos patavina do que estão a dizer, mas é pouco provável que tal aconteça com rock cantado em português. Eu, pelo menos, não sou indiferenta às letras, preferindo as mais irreverentes do ponto de vista criativo... mas também as há com sentido de humor kitsch, as trovadorescas românticas, as de chacha e... as que não me lembro!
E agora perdi-me no raciocinio, mas a intenção era mesmo louvar a iniciativa.
Venham mais!
;)

Abssinto disse...

Foi concerteza interessante e ainda mais, terá sido motivante, para os melómanos de hoje! Tenho pena ter sabido tão tardiamente deste evento (pela Post-It) e no único dia em que poderia ver parte dos "colóquios" ter acordado a uma hora anedótica. Mas os meus parabéns pela iniciativa e que os pontos menos positivos que tu referiste se convertam nos mais fortes para o próximo ano.

abraço (e músico A SÉRIO é o que tu és! quero umas chançons dos Mambo Vox Ensemble!!)

odradek disse...

Post-it, também me parece que faça todo o sentido que o rock seja estudado. É pena que os principais interessados (os próprios músicos) se deixem cair, tantas vezes, na auto-indulgência e no facilitismo, continuando a olhar com raiva e desconfiança para com qualquer tentativa de análise às suas letras, pensando tratar-se de pedantismo ou pseudo-intelectualismo. Rock não é sinónimo de acefalismo.
Abssinto, obrigado pelas sinpáticas palavras! Mando-te o desafio de escreveres umas letras futuras dos Mambo. Talvez sejam analisadas num longuínquo colóquio sobre rock!
abraço

Abssinto disse...

Eia! posso tentar,sim, mas não garanto a qualidade mínima exigida pelos artistas!

Abraço